Há 39 anos, no dia 2 de junho de 1982, era criado o Instituto de Estudos Avançados, com a missão de “ampliar o conhecimento científico e o domínio de tecnologias estratégicas para fortalecer o Poder Aeroespacial Brasileiro.” Foi o Instituto concebido com a difícil tarefa de pensar no futuro.
Futurologia é, inclusive, um assunto na moda. Diversos especialistas apresentam cenários de como será o mundo em 2050, no final do século, no próximo milênio, considerando possibilidades tecnológicas e evoluções sociais. Mas não é necessário um estudo complexo para perceber o elevado grau de imprevisibilidade do que vem pela frente. O maior exemplo disso estamos justamente vivendo agora: com exceção de poucos, grande parte da humanidade jamais imaginaria que estaríamos sendo acometidos, neste momento, por uma pandemia dessa magnitude.
Muito daquilo que vem pela frente é incerto, mas podemos sim, trabalhar com algumas certezas num universo de variáveis. Uma Força Aérea sempre precisará de mobilidade e de decisão oportuna. Precisa deslocar seus meios no ar e no espaço, com plena capacidade de decidir o que, por que, por quem, onde, quando, quanto e como.
Criado ainda no século XX, o IEAv sempre investigou tecnologias com maior eficiência energética, para assegurar a capacidade de desdobramento por meios aéreos sem depender de combustíveis fósseis. Ao longo dessas quase quatro décadas de existência, o Instituto consolidou conhecimento e demonstração experimental em geração de energia nuclear e propulsão aspirada para velocidades hipersônicas, cobrindo desde a concepção até experimentos em ambientes reais.
Navegar é preciso. As competências demonstradas através de diversos sensores desenvolvidos neste Instituto, em voos atmosférico e suborbital, possibilitam determinar a posição com precisão e acurácia sem a necessidade de auxílios externos. Destaco aqui o processo em andamento de transferência de tecnologia de sensores inerciais para a indústria nacional, fomentando o ciclo produtivo e gerando inovação.
Para decidir de forma acertada, as autoridades necessitam de informações relevantes no momento correto. Na década de 90, o IEAv concebeu o Planejador de Missões Aéreas (PMA), que elevou para um novo patamar o planejamento de missões da FAB. Agora, o Instituto pesquisa e desenvolve novas formas de prover ao agente decisor a melhor informação possível dos cenários de emprego, utilizando elaboradas ferramentas de modelagem, simulação e inteligência artificial.
Também não será possível escapar do contexto em que tecnologias, elementos e componentes, necessários para o desenvolvimento de sistemas de caráter estratégico, estarão vedados para aquisição. Atingir independência e autonomia nacional desde a concepção até a operação do produto tem sido um objetivo perseguido pelo IEAv e que permeia todas as competências aqui instaladas.
Ainda na lista das certezas vindouras, qualquer coisa hoje mal concebida dificilmente vai dar certo lá na frente. E no setor aeroespacial o futuro começa décadas antes. Novas tecnologias básicas precisam amadurecer, para então compor os requisitos de um novo grande sistema ou plataforma, que provavelmente entrará em operação uma década após o início formal do projeto. Fazendo a conta ao contrário, aquilo que estaremos operando quando a Força Aérea Brasileira completar 100 anos necessita ser elaborado agora, seguindo processos robustos onde as necessidades, custo, prazo e escopo precisam ser bem definidos.
Portanto, o futuro nos oferece um amplo conjunto de possibilidades para inovarmos em mobilidade, auxílio à decisão, autonomia tecnológica e processos. Nesse último, cabe destacar a significativa mudança de governança institucional do DCTA entre 2020 e o presente ano, priorizando os projetos finalísticos dentro do Grande Comando e estabelecendo um ciclo formal de Planejamento, Execução, Avaliação e Ação. Desta forma, agradeço ao Ten Brig Ar Potiguara pela confiança e liderança na realização da nossa missão.
Agradeço também e conto com o apoio do Comando da Aeronáutica e seu Estado-Maior, que analisa, prioriza e aloca recursos para atividades e os projetos do Instituto. Neste último ano, novamente o IEAv foi escolhido pela FINEP para executar três encomendas de Defesa. Agradeço à essa Organização e espero poder entregar o que foi planejado e que é de interesse da Força Aérea e do Ministério da Defesa.
Enalteço também a estreita cooperação e trabalho com as diversas organizações do DCTA, como o ITA, que lidera a formação de valiosos recursos humanos orientados para as nossas atividades, o IAE, que labuta para a execução, em breve, do ensaio em voo do SCRAMJET brasileiro; o IFI, na análise da documentação do projeto 14X; o GAP-SJ, nas ações para liberação de recursos para o Projeto PROPHIPER; a CO-DCTA, nos projetos do novo ar condicionado central e no novo prédio de simulação construtiva; o IPEV, que nos apoiou de forma imediata com transporte aéreo de material, assim como ao ICEA, IAOp, GSD, CPOR, PASJ e ES-SJ, pelo apoio à nossa missão e ao nosso efetivo.
Hoje também é o dia de parabenizar os militares aqui presentes que completam 10 anos de serviço no IEAv e os que alcançam 10, 20 e 30 anos de serviços prestados à Força Aérea Brasileira. Compartilho com vocês a alegria e o orgulho de trabalharmos juntos, em prol da gloriosa missão que a FAB cumpre pelo Brasil.
Por fim, peço a Deus que mantenha a saúde, disposição e a engenhosidade dos servidores e militares desta Organização, para que juntos atravessemos esse momento crítico produzindo soluções relevantes para o DCTA, para a FAB e para o Brasil.
Parabéns ao IEAv!
Fabio Andrade de Almeida Cel Eng
Diretor do IEAv